terça-feira, 28 de junho de 2016

A sala de aula de cabeça para baixo – entendendo o conceito de flipped classroom

Flipped classroom, conceito que pode ser livremente traduzido como aula invertida, consiste de um modelo pedagógico no qual a ordem de apresentação de conteúdo e prática são invertidas, de forma que o aluno trabalha em casa com as instruções dadas pelo professor, via de regra através do computador, para depois fazer as tarefas dentro da sala de aula de forma colaborativa.

Em outras palavras, a parte expositiva é assistida pelos alunos em casa, quantas vezes acharem necessário e nos horários que puderem. Posteriormente, os alunos trabalham com a aplicação dos conteúdos em sala de aula, enquanto o lugar do professor passa a ser entre os alunos, monitorando e fornecendo o suporte necessário.

Quais são as vantagens desse modelo? Em primeiro lugar, o papel do professor passa a ser, de fato, o de facilitador do aprendizado e a sala de aula passa a ser o lugar da experimentação, da resolução de problemas e dúvidas, da aplicação dos conceitos e da construção de conhecimento. Ao invés de perder tempo à frente da sala de aula, em um monólogo o qual sabidamente grande parte dos alunos não absorve ou não se interessa, o professor passa a compartilhar com o aluno a responsabilidade de seu aprendizado.

Pensando na sala de aula de língua estrangeira, como esse modelo pode ser aplicado? A resposta está em como você planeja e gerencia suas aulas, além de seu objetivo, que deve ser o mais claro possível. Tendo o objetivo em mente, é hora de preparar o input ao qual os alunos serão expostos fora da sala de aula: pode ser um vídeo, um texto, um podcast, um show me board, etc. Além do input, é interessante que o professor pense em uma forma de medir o quanto o aluno consegui reter do conteúdo apresentado. Geralmente isso é feito na forma de testes bastante simples, que têm por objetivo apenas apontar o que o aluno precisa rever ou estudar um pouco mais.

Na sala de aula, o conteúdo apresentado será posto em prática e desenvolvido pelos alunos de maneira colaborativa: eles terão a oportunidade de discutir, aplicar e identificar elementos que foram apresentados anteriormente. Por exemplo: em casa, os alunos assistem a uma entrevista com uma pessoa famosa em um talk show. Após assisti-la, os alunos respondem a um quiz a respeito do conteúdo da entrevista e identificam as perguntas feitas. Na sala de aula, o professor responde às dúvidas dos alunos, pratica a pronúncia de palavras novas e entonação das perguntas apresentadas, para que os alunos possam então trabalhar sozinhos: neste momento, eles podem simular uma entrevista utilizando as perguntas apresentadas, buscar mais informações sobre a pessoa que foi entrevistada, dar continuidade à entrevista elaborando mais perguntas, etc.

Existem inúmeras formas de virar sua sala de aula do avesso. Basta um pouco de criatividade e familiaridade com a tecnologia, ferramenta essencial nesse processo. Se você quiser obter mais informações confira os links abaixo e have fun!

https://net.educause.edu/ir/library/pdf/ELI7081.pdf
http://ctl.utexas.edu/teaching/flipping-a-class/what
http://www.knewton.com/flipped-classroom
http://flippedclassroom.org

sexta-feira, 17 de junho de 2016

It is all about testing! What happened to learning?



(Louise Potter)

The word test has become extremely negative amongst teachers and I can understand why. I also tend to agree with the objections I hear towards the word.

Schools have become obsessed with testing and getting/giving results and scores. When inside a teacher´s room, you can feel the atmosphere getting tenser and tenser as the days become closer to the testing periods, which have become more and more frequent.

There has been much misunderstanding between the words testing and assessment.

A test should be used when you would like to examine someone's knowledge of something specific, to determine whether he/she knows the specific content of a determined subject, such as a grammar topic in teaching a foreign language. You test when you want to measure the level of knowledge that has been reached within a year or semester. It is a Polaroid (ancient) picture taken at certain time of year.

Assessment documents knowledge, skills, attitudes and beliefs. The main reason you will be assessing a student is to make improvements, not to simply judge or score. An assessment is a process. It is not stagnant as the Polaroid picture. You are able to analyse the process of your students’ communicative skills and understand the ways they learn best and the next steps that should be taken for them to be successful.

Unfortunately, teachers are testing much more than assessing. Therefore, they are teaching in order for students to pass tests, as the teachers themselves, are being judged upon their performance, having to show off perfect grades to the principals of the schools. However, when you ask the students what they have actually learned, they will smile with a big blank expression on their faces.

Assessments go beyond tests

Assessments are tremendously important instruments in education. I have no doubt about that. Unfortunately, they are being used for the wrong reasons. They are not being used to monitor student learning or to provide ongoing feedback to the students or even as a way for teachers to improve their teaching or by students to improve their learning.

The fixation on testing has made teachers and students lose their motivation for teaching and learning. Scores have become more important than skills. Teachers are wasting their precious time elaborating and correcting tests, when they should be focused on class planning and student involvement.

You should bear in mind that it is possible to assess your students everyday, without actually testing them. I am not saying that testing should be grounded for life, but definitely used less than it has been used in the classroom today.

Assessments help students build confidence in their ability to learn if done in the right manner. They can even motivate students and make it fun. They can build graphs comparing their growth in the past year, setting their own standards and goals, designing their own learning path.

However, being tested over and over again only for the sake of getting a grade does not motivate any student to learn. Nor does it give any teacher time to engage students in an interesting project, where they would have to use their higher order thinking skills to interact, research, give an opinion, build up their knowledge together with their colleagues, and present a final project using any kind of social media. For example, by trying to understand how glass is actually made and where it comes from, they can use the language itself without being tested for grammar.

More effort has to go into teaching/learning and not testing. Teachers need to be supported inside the classrooms doing what they know how to do instead of having to show results through testing. Shifting our view from test elaboration to teacher development is a successful starting point.

If you want to learn more about learning and testing, check us out at: http://teach-ineducation.com/site/for-teachers.php?p=teacher-development

terça-feira, 7 de junho de 2016

Por que perdemos tanto tempo em nossas aulas?


(Juliana Tavares)

Para quem acompanha nossos artigos, não é novidade que a questão do gerenciamento de tempo nas aulas é tema bastante recorrente. Louise já escreveu sobre isso aqui Organizando sua aula e eu também falei um pouco aqui The importance of classroom management. Porém, esse tema é tão importante que nunca é demais retomá-lo. Para isso, vamos imaginar um cenário real. A cena que vou descrever agora provavelmente já foi presenciada, ou mesmo protagonizada por muitos de nós em nossa prática diária de sala de aula:

9:10 – Início da aula

9:15 – Professor chega à sua mesa, após passar por seus alunos, que o cercam de todos os lados, fazendo todos os tipos de perguntas e apresentando os mais diversos problemas.

9:17 – Professor começa a chamada. Os alunos presentes fornecem o boletim do porque os alunos ausentes estão ausentes. Começam mais histórias.

9:21 – O professor pede aos alunos que peguem seus materiais, que já deveriam estar em suas mesas. Os alunos começam a se movimentar, ir até o fundo da sala, onde se encontram as mochilas. Um aluno tropeça em uma mochila que está no meio do caminho. Todos riem. O aluno fica chateado.

9:26 – O professor, após acalmar os ânimos, pergunta se todos fizeram as tarefas e começa a avalanche de desculpas por parte dos que não as fizeram.

9:30 – Após terminar o assunto com ameaças de enviar quem ainda estiver falando à direção, o professor começa sua aula. Faz um warm up rápido e pede aos alunos que se sentem em pares, pois sabe que se pedir a eles que se sentem em grupos, não haverá tempo para finalizar a tarefa. Os alunos começam a brigar entre si, pois não querem se sentar com quem está ao lado, ou os meninos não querem se sentar com as meninas, etc., etc., etc. ...

9:35 – Restam apenas 20 minutos da aula e os alunos ainda nem começaram a fazer a primeira atividade planejada. A monitora bate à porta para dar um “recadinho para a classe”. O professor sai correndo e gritando aos quatro ventos: “Por que não fui fazer Contabilidade? ”

É claro que coloquei minhas pitadas de exagero nessa história (nenhum professor de línguas que conheço faria Contabilidade, ha, ha, ha!), mas a pergunta é: com quantos aspectos dessa aula você se identificou? A verdade é que muitos de nós passamos por isso. No final da aula, sentimos que não conseguimos cumprir quase nada do que estava em nosso plano e que outras questões, externas à aula em si, sempre acabam interferindo no andamento do planejado. O fato é que, quando trabalhamos com idiomas, o tempo que perdemos é bastante precioso, pois representa uma grande porcentagem do total que temos com nossos alunos. Se em sua escola você tem duas aulas semanais de 45 minutos, 20 minutos perdidos é muito tempo. Para alunos do Fundamental I é ainda pior, pois muitas escolas oferecem apenas uma aula de 45 ou 50 minutos por semana.

Embora saibamos que muitos dos obstáculos responsáveis por atrasos e perda de tempo não sejam necessariamente nossa culpa, é válido afirmar que é possível tomarmos algumas medidas que podem reduzir o tempo perdido em sala e aumentar a prática da língua entre nossos alunos. Essas medidas foram inspiradas na prática de professores que sabem aproveitar ao máximo o tempo que possuem com seus alunos. Vamos a algumas delas:

Faça a sua parte

Se sua aula começa às 09:10, como no caso acima, esteja na porta da sala às 09:08. Nem sempre é possível, mas tenha essa mentalidade para que o tempo perdido seja o mínimo. Se você planejou sua aula com tarefas que exigem preparação anterior (distribuir flashcards, usar o computador, o som, ou vídeo), concentre seus esforços para que tudo esteja o mais preparado possível de antemão. Se você vai trabalhar em grupos, estabeleça-os na aula anterior, ou peça uma mãozinha ao professor que vem antes de você. Companheirismo nunca é demais!

O recado tem que ser agora?

Já ouvimos de um grande número de professores que há uma ideia de que recados, entregas de bilhetes, ou quaisquer outras coisas fora do contexto da aula podem sempre ser feitos nas aulas de inglês, espanhol, arte, ou educação física. Ao mesmo tempo que isso é injusto – já que as disciplinas mencionadas possuem um tempo reduzido de aulas – também perpetua a ideia de que essas aulas são menos importantes. Se esse for o caso em sua escola, diga simplesmente que naquele momento não dá! Se for de fato importante, eles podem voltar outra hora.

Treine seus alunos no comportamento esperado

Isso pode levar tempo no início, mas seus alunos devem ser treinados em questões como: estar com o material pronto, saber se sentar em pares e grupos, deixar a lição à mostra para checagem. É importante entender que treinar os alunos é um processo, o que quer dizer que não basta uma ou duas vezes para que eles entendam e se comportem como o esperado. Estabelecer uma rotina leva tempo, mas vale a pena.

Não deixe seus alunos ociosos

Sabe aquele ditado: “Mente vazia, oficina do diabo”? Pois bem, sábio quem o inventou. Ociosidade significa problemas de comportamento. Por isso, é sempre bom ter em mãos algo que manterá os alunos ocupados. Tenha sempre atividades simples, curtas e diversificadas disponíveis para os alunos. O ideal é formar uma pasta, um activity bank, com coisinhas simples, que impedirão ociosidade. No início da aula, por exemplo, você pode distribuir uma dessas tarefas para manter seus alunos ocupados, enquanto você ajusta tudo o que precisa para dar início à aula. Dessa forma, o tempo produtivo da aula é maximizado, assim como o potencial de aprendizado dos alunos. Você vai ver que, quanto mais ocupados os alunos estiverem, menos tempo haverá para surgirem problemas e para perder tempo.

Gostou das dicas? Quer nos contar o que você faz para não perder tempo de aula? Acesse www.teach-ineducation.com/site/conteudo.php?p=contato e compartilhe conosco sua experiência!