(Juliana Tavares)
Um dia desses eu estava com um pequeno abacaxi nas mãos: precisava de
um médico em outra cidade, onde não conhecia muita gente. Sem saber por
onde começar, pois não conhecia nenhum dos profissionais que
cadastrados em meu convênio, resolvi acionar o Mr. Google e estudar as
informações disponíveis sobre eles antes de tomar uma decisão. Sobre
alguns, poucas coisas relevantes, além de várias ocorrências nos
catálogos médicos. De outros era possível visualizar um currículo Lattes
e algumas aparições em congressos. Para outros, no entanto, a lista de
publicações, entrevistas, artigos e referências era bastante extensa. No
final das contas, esses últimos foram os selecionados para uma pesquisa
mais cuidadosa, que incluía endereços e perguntas a outros médicos
conhecidos. Porém, pela primeira seleção, só passaram aqueles sobre os
quais encontrei informações positivas e relevantes quanto a sua formação.
Escolher um profissional que vai cuidar de sua saúde não é fácil. É
claro que a internet nos oferece a grande vantagem da informação e da
pesquisa, algo que vinte anos atrás era impossível. Também concordo, em
parte, com aqueles que argumentam que nem sempre boa formação significa
bom profissional. Em parte. Tenho certeza que, se dois currículos fossem
postos diante de você para uma escolha “cega”, você escolheria o que
apresentasse melhor experiência e formação. A boa formação conta. E
quando ela é boa de verdade, ela faz muita diferença. O profissional que
não para no tempo, que recicla sua prática, que acredita na
impermanência das coisas e no quanto ainda tem para aprender, sempre
será um profissional mais completo e mais qualificado. E isso não vale
apenas para médicos, mas para qualquer profissional.
Pensando em tudo isso, minha pergunta é: se desenvolvimento
profissional contínuo é tão importante para médicos, advogados,
engenheiros, pintores e arquitetos, por que seria diferente com o
professor, em particular com o professor de idiomas? E mais: por que
ainda existe tanto professor que não atribui a importância devida a esse
assunto?
Não há espaço suficiente para responder a essas perguntas. Acredito
que as respostas sejam as mais variadas, abrindo espaço para bastante
controvérsia e discussões interessantes. Porém, ao invés de ficar
buscando razões para o problema da formação continuada, vou procurar
elencar algumas razões que justificariam a busca pelo desenvolvimento
profissional como forma de fortalecer a profissão de professor. Vamos
pensar no desenvolvimento profissional como uma ferramenta poderosa para
o profissional, cujo caminho será determinado por ele, de acordo com o
que move sua paixão. Se após essas razões você ainda não quiser
continuar melhorando sempre, talvez seja a hora de repensar sua
carreira...
Desenvolvimento profissional gera autoconfiança
Professores cuja prática é respaldada em informações, estudos e
ideias sólidas são mais autoconfiantes e críticos. Precisamos dessas
qualidades se quisermos ser exemplos para nossos alunos.
Desenvolvimento profissional aumenta a motivação do professor
Você já teve aquela sensação, após sair de um workshop ou terminar um
curso, de querer colocar tudo em prática o mais rápido possível? Sempre
que aprendo alguma coisa nova, fico pensando em como posso aplicá-la em
minhas aulas, ou com minha equipe de professores. Então me vejo tão
empolgada com minha profissão que me pergunto o que eu seria se não
fosse professora! Essa motivação é muito importante para qualquer
profissional, pois nos dá forças para continuar atuando apesar das
dificuldades e, sejamos honestos, em nossa profissão elas são
abundantes!
Desenvolvimento profissional ajuda a valorizar a profissão
Infelizmente, a profissão de professor não é sinônimo de prestígio e
valorização em nosso país. Sentimos na pele esse problema, todos os
dias. Mas e se todos os professores pudessem investir em mais formação e
desenvolvimento? Creio que o panorama de nossa profissão seria bem
diferente. Fala-se muito hoje sobre a palavra empoderamento; informação, conhecimento e qualificação geram poder. Nossa profissão precisa se empoderar para ter a força e o reconhecimento necessários para exigir o valor e o respeito que merece.
Desenvolvimento profissional aumenta nosso grau de exigência
Quando nos tornamos profissionais mais exigentes e críticos, podemos
reivindicar com autoridade o que precisamos em nosso contexto de ensino.
Buscamos instituições sérias, que nos respeitam e retribuem nosso
comprometimento. Entendemos a importância de nosso papel e nos
prontificamos a trabalhar pelo bem coletivo, sem nos contentar com menos
que o merecido. Exigimos mais de nós e de todo o contexto ao nosso
redor.
Quais as consequências dessa atitude para nossa profissão? Ensino de
qualidade, professores melhor remunerados, melhor ambiente de trabalho,
para mencionar apenas algumas. Embora tais mudanças não ocorram de um
dia para o outro, nem dependam exclusivamente de nós, professores, é
importantíssimo que estejamos conscientes de nossa parte no processo.
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